Hoje acordei com uma indicação para um site daqueles que afloram nosso lado doentio , consumista e fantasioso.
Falar de sapatos , é se transportar para um universo singular cheio de códigos.
Um universo aonde você pode ser quem quiser e ir aonde bem entenda dependendo da maneira como calçe os seus pés.
Com um sapato você afirma , mostra , esconde , disfarça .
Sapatos são certamente os itens mais democráticos no armário de uma mulher .
Não entregam sua idade , seu peso , sua altura , suas manias , taras, e loucuras .
Cabe um , ou mais pares , em um único dia e essa possibilidade pode fazer questionar diariamente quem é você , o que quer da vida e aonde você quer chegar , pra saber se coloca aquela última aquisição sapato-escultura-conforto-zero , ou uma sapatilhazinha rasteira com sola de borracha que te permita ir além. Se for além de um espaço físico, porque para além da imaginação só penso no sapato-escultura.
Na fantasia não existem bolhas nem dedo mindinho do pé esmagado ou saindo pra fora naquele corte localizado maravilhoso no cantinho .
Não tem cãimbras , necessidade de equilíbrio e nem a dobradura certa dos joelhos para não andar meio pateta.
E com a possibilidade de tanta fantasia, tanta experimentação , tanta brincadeira com os pés , vivemos mesmo tendo que garimpar belezas que fujam do óbvio. Raridades escondidas em algum lugar longe dos sapatos confortáveis e marrons que se multiplicam estação á estação nas prateleiras mais monótonas desse país.
Sapato confortável e marrom .
Esse aliás é um capítulo que acabei de desistir de falar.
Não ia valer a pena. Existe gente honesta e trabalhadora escondida acima desses pisantes, mas eu queria mesmo é esculhambar .
Vou deixar para um dia de fúria : detonar os sapatos marrons ( e todas suas variantes , com uma dose agravante sobre o tom caramelo ).
Hoje quero enfeitar a vista , já que para o consumo é raríssimo encontrar coisas do tipo . Ainda estamos vestindo os pés de Lampião e Maria Bonita , numa escala evolutiva da ousadia dos sapatos. Fomos soterrados pelos saltos de cortiça fake plástica , tachinhas que se enferrujam, muito couro sintético para aquelas sandálias de festa prata , ouro e cobre .
Medo . Muito medo disso tudo.
Por ora, continuo me equilibrando nos meus sapatos- escultura.
Para ilustrar essa fantasia toda , naveguem por aqui.
Cada pedaço vale a pena.